O Filho Pródigo

29-11-2010 09:45

A milenar estória do filho pródigo, ainda hoje continua acontecer. Pensando nesta estória bíblica fui inspirado a escrever o seguinte poema:

 

O Filho Pródigo

Autor: Oton M. Alencar

 

Um velho Pai rodeado vivia no seu lar,

Por dois filhos amados, na labuta da fazenda,

Certo dia o mais novo surpreendeu ao manifestar,

O desejo da casa sair, para viver sua senda.

 

Parte se sua herança, antecipada, o mais moço pediu,

Dada por seu pai com pesaroso e dilacerado coração.

Com o engano da riqueza, o seduzido filho partiu.

Para uma terra longínqua, viver de ilusão.

 

Amigos, mulheres belas, tinha o moço em profusão.

Nada lhe faltava, nas orgias e noites de gastança

Dilapidou seus bens corroídos sem provisão.

Até carcomer tudo que recebeu da herança,

 

Os amigos, as mulheres da sua vida fugiram

Maltrapilho e faminto, sozinho perambulou,

Em busca de trabalhos que nunca surgiram

Até que apascentar porcos constrangido aceitou.

 

Desejava mitigar a fome atroz e indesejada,

Com as bolotas amargas que os porcos comiam,

Faminto, abandonado, ninguém lhe dava nada,

No chiqueiro da desilusão, seus sonhos desfaleciam.

 

Certo dia em si caiu, e exclamou assim:

Os empregados de meu pai, abundância tem de pão!

Enquanto aqui a fome cruel determina meu fim.

Voltarei à casa de meu pai, e pedir-lhe-ei perdão.

 

Dir-lhe-ei: Pai! Perante os céus e contra ti pequei,

Não sou digno mais, de teu filho ser chamado,

Faze-me pai um de teus empregados, pedir-lhe-ei

Pelo menos como teu servo não quero se renegado.

 

Enquanto isso, o Pai na fazenda, ansioso esperava.

Todo dia no horizonte sua vista se perdia.

Esperando enxergar o filho que aguardava,

Para abraçar, ao retorno à casa queria.

 

Certa tarde, o velho pai, ao observar o arrebol,

Vislumbrou uma imagem, esquálida e andrajosa,

Vindo em sua direção, contrastando com o pôr-do-sol,

Uma silhueta distante, desfigurada, mas esperançosa.

 

 

Era o arrependido filho que à casa do pai voltava,

Cambaleante, faminto, descalço e empoeirado

Imagem esmaecida ao caminhar retratava,

Do outrora jovem imponente, orgulhoso e endinheirado.

 

O pai com os pés trôpegos correndo o abraçou,

Roupas novas, anel e sandálias logo pediu,

O novilho cevado com alegria, matar ordenou,

E a festa de júbilo pelo retorno do filho eclodiu.

 

Para o curioso, que ao pai interrogava,

Pela alegria da repentina festa inesperada,

O pai respondia, que seu filho como morto estava,

Achado foi o filho que perdido se encontrava.