O Filho Pródigo
A milenar estória do filho pródigo, ainda hoje continua acontecer. Pensando nesta estória bíblica fui inspirado a escrever o seguinte poema:
O Filho Pródigo
Autor: Oton M. Alencar
Um velho Pai rodeado vivia no seu lar,
Por dois filhos amados, na labuta da fazenda,
Certo dia o mais novo surpreendeu ao manifestar,
O desejo da casa sair, para viver sua senda.
Parte se sua herança, antecipada, o mais moço pediu,
Dada por seu pai com pesaroso e dilacerado coração.
Com o engano da riqueza, o seduzido filho partiu.
Para uma terra longínqua, viver de ilusão.
Amigos, mulheres belas, tinha o moço em profusão.
Nada lhe faltava, nas orgias e noites de gastança
Dilapidou seus bens corroídos sem provisão.
Até carcomer tudo que recebeu da herança,
Os amigos, as mulheres da sua vida fugiram
Maltrapilho e faminto, sozinho perambulou,
Em busca de trabalhos que nunca surgiram
Até que apascentar porcos constrangido aceitou.
Desejava mitigar a fome atroz e indesejada,
Com as bolotas amargas que os porcos comiam,
Faminto, abandonado, ninguém lhe dava nada,
No chiqueiro da desilusão, seus sonhos desfaleciam.
Certo dia em si caiu, e exclamou assim:
Os empregados de meu pai, abundância tem de pão!
Enquanto aqui a fome cruel determina meu fim.
Voltarei à casa de meu pai, e pedir-lhe-ei perdão.
Dir-lhe-ei: Pai! Perante os céus e contra ti pequei,
Não sou digno mais, de teu filho ser chamado,
Faze-me pai um de teus empregados, pedir-lhe-ei
Pelo menos como teu servo não quero se renegado.
Enquanto isso, o Pai na fazenda, ansioso esperava.
Todo dia no horizonte sua vista se perdia.
Esperando enxergar o filho que aguardava,
Para abraçar, ao retorno à casa queria.
Certa tarde, o velho pai, ao observar o arrebol,
Vislumbrou uma imagem, esquálida e andrajosa,
Vindo em sua direção, contrastando com o pôr-do-sol,
Uma silhueta distante, desfigurada, mas esperançosa.
Era o arrependido filho que à casa do pai voltava,
Cambaleante, faminto, descalço e empoeirado
Imagem esmaecida ao caminhar retratava,
Do outrora jovem imponente, orgulhoso e endinheirado.
O pai com os pés trôpegos correndo o abraçou,
Roupas novas, anel e sandálias logo pediu,
O novilho cevado com alegria, matar ordenou,
E a festa de júbilo pelo retorno do filho eclodiu.
Para o curioso, que ao pai interrogava,
Pela alegria da repentina festa inesperada,
O pai respondia, que seu filho como morto estava,
Achado foi o filho que perdido se encontrava.