JUSTA LEMBRANÇA

23-11-2010 17:00

JUSTA LEMBRANÇA

Se estivesse vivo hoje, estaria completando 92 anos de idade.

Exemplo de serenidade, pacatez, palavra firme, sorriso plácido, repouso de espírito, vida calma, mas sofrida no exercício pastoral.

Fora também, uma criança precoce. No início não encontrou a compreensão paterna. Aos 15 anos e despertado para vocação pastoral. Aos 18 anos, desbravou o sertão maranhense. Como minoria, implantou igrejas em vários municípios, distritos e vilas no Estado do Maranhão, na década de 30, do século passado.

O desperta vocacional não olha a idade. Ali estava mais um que iria contribuir a segunda geração de pastores da Assembleia de Deus no Brasil.

Era um líder nato. Criatura de trato adorável. Sempre sereno, dimanava paz e bom-humor. Sua inteligência era lúcida e preservadora. Temperamento prudente. Não perdia a calma. Tinha sempre em sorriso, que iluminava sua face.

Dos longos 49 anos exerceu a função sacerdotal. Quando nasci, era pastor em Vitorino Freire, antiga Água Branco, no Estado do Maranhão.

Fui filho de sua mocidade. Tinha ele completado recentemente 26 anos mais velho do que eu.

Nasceu em Caxias no dia 3 de outubro de 1917. filho de Raimundo Alves de Alencar, que veio ainda criança das bandas do Crato, no Ceará. Foi o bisavô que trouxe os Alencar’s para o Maranhão.

Permaneceu no Maranhão até 1945. Neste ano, foi pastorear na estrada de ferro Belém-Bragança. Depois seguiu para Cruzeiro do Sul, no Território Federal do Acre. Só sucumbiu, devido ter sido testado nas adversidades insalubres do sertão do Maranhão na década de 30, quando tudo estava por fazer. Após 4 anos naquela cidade perdida, na quase fronteira com Peru, onde a malária dizimava e a miséria por ali passou e ficou, foi transferido para Parnaíba no Piauí em 1949.

Essa foi a sua sina. Peregrinar pelo Norte e Nordeste do Brasil, apascentando o rebanho.

Um dia em 1962, chegou a Macapá, onde ficou por 32 anos.

Era vocacionado para vida pastoral. Nunca foi outra coisa a não ser pastor.

Amigo dos seus filhos. Protetor incondicional de sua família, preferia sofrer no lugar de qualquer membro da família. Gostava de contar as suas experiências para família reunida em torno da mesa de jantar. Generoso com os outros e sabia compartilhar o que tinha com o desprovido. Hospedeiro contumaz. Hospedava amigos e desconhecidos. Laureado, condecorado e recebeu muitos títulos. Mas não se ufanava das comendas recebidas. Sempre dizia: - É para glória de Deus.

Era um auto-ditada. Leitor voraz. Amigo dos livros. Cultura vasta, não só teológica, como secular. Seu pai era professor, com ele aprendeu as primeiras letras.

Conhecedor profundo da Bíblia, leu a mesma toda, várias vezes.

Fez muitos discípulos. Não só pelo exemplo de fé.

Hoje está fazendo 15 anos que aquele herói da fé tombou no púlpito.

Aos 76 anos aprovou Deus chama-lo para sua glória.

Cognominado pelos evangélicos do Amapá, com “Apóstolo do Amazônia”, deixou um rastro de exemplo de bondade e serenidade no exercício pastoral.

Hoje que completa 15 anos que o Pastor Otoniel Alves de Alencar deixou o nosso convívio, prestamos a esse apóstolo do amor, essa justa lembrança.